Sola Fide, o justo viverá pela fé

Imagem: Christian Hilley

"O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela sua fidelidade.” ( Habacuque 2:4)

“Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’". (Romanos 1:17)

“Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele. Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos.” ( Hebreus 10:38-39)

A teologia reformada da justificação pela fé eclode em meio ao duro processo de reforma da igreja em 1517. Ao questionar o que vê em Roma, Martinho Lutero estava questionando o porque a fé tão exclusiva para a salvação estava ofuscada no meio de tantos “adornos humanos” e de falsa espiritualidade. No meio de crânios e osso de supostos cristãos e outros objetos de devoção da Igreja de Roma, poderiam ser levantadas algumas perguntas, tais como: “Por acaso o crânio de João Batista concede mais graça ao pecador do que o próprio doador?” “Os milhares de pedaços da cruz que foi usada para pendurar o salvador tinha alguma autoridade misteriosa junto ao Cristo?” Os problemas em Roma eram tão absurdos que negavam um outro fundamento óbvio:

“Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus,” (1 Timóteo 2:5)

Mediador em certo sentido é estar entre duas partes. Aqui, as partes em questão é Deus e o homem, e Cristo está no meio, não só posicionado, mas trabalhando para que este homem pecador possa finalmente se reconciliar com Deus. Colocando qualquer coisa como meio de graça é uma ofensa a Deus e sua obra de justificação em Cristo. Por este e outros motivos que até o século 16 o mundo vivia em “período de trevas” ou “idade das trevas”. O misticismo adotado pela Igreja Romana tinha relação com o período econômico da Europa, as “trevas” era um tempo de obscuridade econômica e social e a igreja se envolveu em trevas espirituais, na obscuridade sobre a verdadeira fé cristã.

Sola Fide e o retorno às verdades antigas

Sola Fide torna-se, então, um dos primeiros postulados teológicos da fé reformada e evangélica. Na sua afirmação dialética Sola Fide representava a afirmação Bíblica sobre a salvação dos homens em protesto a venda das indulgências como uma das fórmulas adotadas pela Igreja de Roma. Mas é no seu sentido teológico e espiritual que Sola Fide ganha mais espaço. Esta é base do nossa identidade cristã e evangélica. Não queremos que nada esteja “adornando” nossa relação com Deus a não ser a fé em Cristo.

A mensagem de redenção

Não se enganem os que se acham espertos, pois neste século 21 algumas coisas estão bem parecidas com o século 16. Ministros andam desafiando a fé alheia, manipulando e destruindo toda boa consciência cristã sobre sua piedade. A fé não é só uma declaração de crença, mas de crença e fidelidade. A igreja não pode se deixar manipular por estatísticas ou pela simpatia de pessoas que estão confusas sobre o que é a fé cristã, e gostam de participar de nossas reuniões. Lemos alguns textos correlacionados e veremos o que eles têm a dizer sobre fé genuína e conversão.

A mensagem de que o ímpio está sob forte engano

"O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela sua fé" - Habacuque 2:4

Habacuque apresenta um contraste básico. O ímpio é aquele que não foi lavado no sangue do cordeiro e mesmo aqui numa mensagem veterotestamentária, o lavar do sangue espiritual vinha pela observância das leis cerimoniais dados por Deus a Moisés e que elas apontavam para o Deus redentor. O ímpio é aquele que está avesso a se submeter a esta lavagem da alma pelo sangue. Concluindo sobre quem é o ímpio Habacuque diz que ele não tem desejos bons. Em outras palavras, seus desejos são enganosos a eles mesmo. Agora, com relação aos justos Habacuque usa a frase “mas o justo viverá pela fé”. Quando Habacuque diz que a fé faz o justo viver (e viver aqui é nascer de Deus) o contrário também é verdadeiro, o ímpio irá perecer pela incredulidade ou seus desejos e pensamentos enganosos o que é espiritualmente, sobre Deus e seus mandamentos.

A mensagem de que a palavra não deixa nenhum homem enganado

"Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’" (Romanos 1:17)

Olhemos para o exemplo de Sodoma e Gomorra. Os pecados deles eram especificamente a violação dos direitos civis com atos de barbaridade contra a vida humana, cometendo todo tipo de violência e impureza sexual. Deus sendo justo não os poupou. Isto mesmo, o Apóstolo Pedro diz que a ira de Deus se aplicou contra Sodoma e Gomorra e que isto era um exemplo do destino dos que andam na impiedade:

"Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios," (2 Pedro 2:6)

A mensagem de que a fé marca nossa existência espiritual em Cristo

"Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele. Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que creem e são salvos". (Hebreus 10:38-39)

O justo vive, ou em outras palavras, antes ele estava morto espiritualmente nos seus delitos e pecado, mas Deus fez reviver espiritualmente (Efésios 2:1). Qualquer que seja a circunstância em que eu volte a lavagem como a porca lavada isto é o mesmo que envergonhar a Cristo. Esta é a mais pura verdade já dita pelo Apóstolo Pedro:

Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se novamente nelas enredados e por elas dominados, estão em pior estado do que no princípio. Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de o terem conhecido, voltarem as costas para o santo mandamento que lhes foi transmitido. Confirma-se neles que é verdadeiro o provérbio: 'O cão voltou ao seu vômito’ e ainda: ‘A porca lavada voltou a revolver-se na lama’ (2 Pedro 2:20-22)

As palavras de Pedro nos parecem rudes, desagradáveis e nada politicamente corretas? Pedro precisou escrever com esta clareza para que todos entendam que o pecado é um lixo, um esgoto espiritual onde eu me lambuzei. Não existem palavras brandas para esta situação, pois a Fé é o alimento da santidade e comunhão com Deus.

O que Martinho Lutero viu não foi algo semelhante ao que Pedro disse? A fé não é um momento da vida, mas uma marca da existência. Jesus também profere palavras pesadas ao dizer:

“Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!’” (Mateus 7:23)

“E disse: ‘Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.’ (Mateus 18:3)

Jesus em seu amor quer que todos cheguem ao conhecimento da verdade e a fé salvadora, mas em sua justiça será implacável. Temos que lidar com este paradoxo, ou ainda melhor, sermos livres dele e a única forma é a fé, mas a fé condicionada a rendição e obediência.

Já comemoramos os 500 anos da Reforma Protestante e o lema Sola Fide permanece vivo, mesmo em novos tempos de obscuridade. Para a manutenção do nosso distintivo confessional em 1994, 120 Ministros do Evangelho se reuniram em Cambridge, EUA, para formular os distintivos confessionais e fundamentais da Fé Reformada e assim definiram o que vem a ser Sola Fide:

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus

“Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido.” (1 Pedro 5:6)

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