TRISTEZAS PASTORAIS


Por Léo Oliveira

Existem pessoas que acreditam que pastor não sente tristeza, que sempre estão felizes e alegres. Sério mesmo, de verdade! 

Assim como existem pessoas que acreditam, pelo fato deles cuidarem de coisas espirituais e viver sob a orientação de Deus, isso faz com que uma capa protetora venha sobre eles e lhes permitam viverem livres de quaisquer sentimentos comuns aos meros mortais (isso dá até um enredo de filme da Marvel)! 

Mas, desculpe-me te decepcionar: isso é um grande equívoco!

A Bíblia conta a história de Elias. Dizia que Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos (Tiago 5.17). Ou seja, pastores também sentem tristeza. Na verdade, existem lágrimas pastorais que igreja nenhuma jamais conheceu, pois são lágrimas que são derramadas no secreto com o Pastor dos pastores. E sem dúvida, lágrimas de tristeza.

Tristeza ao constatar que nem todos os membros de sua paróquia abraçam os sonhos que queima no coração: "Puxa, para que abraçar um sonho desse?!? Eu já tenho os meus e em nada são parecidos com esses!". Talvez pelo fato de não compreenderem que o relacionamento é essencial na vida da congregação. 

Alguns não participam porque acham que sabem tudo: "Para que ir aos domingos, terças, sábados…já ouvi tantas exposições, que não tenho nada mais a aprender.". 

Nem Sócrates pensava assim! No finalizando de sua vida ele disse que “tudo que sei é que nada sei!”. Essa atitude humilde é essencial para entendermos e aprendermos que cada vez mais precisamos aprendermos algo. E ninguém sabe tudo em nossas igrejas. Até as crianças tem algo a nos ensinar sabia?

O problema é a nossa arrogância! É triste verificar que muitos não vão aos cultos com a ideia de “aprender”. Vão por mero hábito, costume, cumprir uma agenda. Não vão com a disposição de partilhar suas vidas e tudo que tem aprendido. Acreditam que o pastor diz sempre a mesma coisa. Meros assistentes? Não participantes do culto? A Palavra de Deus cai em seus ouvidos como gotas de chuva nas penas de um pato: não penetra de forma alguma. Isso é triste demais!

Triste perceber que muitos crentes não crescem espiritualmente, preferem estar sempre como Peter Pan. São sempre os mesmos e não revelam nenhum desenvolvimento. Sempre as mesmas palavras, as mesmas ideias, os mesmos pensamentos, as mesmas reações, as mesmas dificuldades mas que optam em não romper com isso! Se tornaram marionetes que não veem os seus próprios barbantes. 

Infelizmente estacionaram. Ainda não experimentaram o crescimento que Paulo experimentou: “Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (I Coríntios 13.11).

Triste constatar que muitos crentes por qualquer probleminha ficam em casa, amargurados, magoados, aguardando a visita do pastor ou de alguém da igreja. Triste ver muitos crentes realizando a obra do Senhor sem responsabilidade, sem amor e sem constância. Sabem tudo da reforma, das solas mas não sabem nada sobre se arrepender dos seus maus caminhos, tomar sua cruz e seguir o Mestre.

Um dia ouvi de um pastor amigo meu que ovelhas são como o carrinho de mão: precisam ser empurrados. Outros são como o gatinho: só estão contentes e animados na igreja quando mimados. E ainda outros são como o nascer do sol: podemos sempre contar com eles para “um novo dia”. 

Engraçado lembrar disso escrevendo-nos do esse texto...

Acredito que os motivos aqui apresentados são suficientes para mostrar que pastor também sente tristeza. Talvez o que anima a cada um de nós pastores é saber que Jesus não escondeu sua tristeza. Ele disse: “A minha alma está profundamente triste... Fiquem aqui e vigiem comigo” (Mateus 26.38). E também saber que “O choro pode durar uma noite; mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30.5).

Paz & Bem.
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Léo Oliveira é Pastor em Encontro Gênesis Igreja Cristã

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