Análise de Obra de Brian Schwertley Sobre A Salmodia Exclusiva


Este artigo consiste em fazer uma análise do livro: SALMODIA EXCLUSIVA, UMA DEFESA BÍBLICA de BRIAN SCHWERTLEY

Antes de entrar no assunto propriamente dito quero ressaltar que de toda a leitura eu foquei especificamente no Capítulo 2 por um motivo simples. No primeiro momento, com a preocupação em aprender sobre tamanho assunto eu preferi me deter as afirmativas Bíblicas expostas no livro e o Capítulo 2 dá conteúdo suficiente para o que prendia examinar, preferindo então deixar minhas observações sobres os Distintivos como o Diretório Para o Culto em uma outra ocasião.

CAPÍTULO 2
DOS TÓPICOS 1 e 2
MANDAMENTO ESPECÍFICO e DESIGNADO POR DEUS PARA O CÂNTICO, pg. 11

O livro dos Salmos contém diversas ordens de louvor a Jeová com o cântico dos Salmos.

A) Celebrai com júbilo ao SENHOR, toda a terra; Bradai em cânticos, regozijai-vos e cantai louvores. Cantai ao SENHOR com a harpa; com a harpa e a voz de um salmo. Com trombetas e som de buzinas; Exultai perante a face do SENHOR, do Rei. (Salmo 98:4-6)

B) Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; Narrai a todos os seus assombrosos feitos! (Salmo 105:2)

C) Vinde, cantemos ao SENHOR! Saiamos perante a sua presença com ações de graças, celebremo-lo com salmos. (Salmo 95:1-2; cf. Salmos 81:1-2; 100:2).

SCHWERTLEY nos dois tópicos nos faz observar que além da inspiração das letras há uma designação para chefia do canto bem como da instrumentalização. Ou seja, não há uma parte sequer do hinário israelita em que Deus não esteja ordenando os detalhes.

DO TÓPICO 3
EXEMPLOS HISTÓRICOS, pg. 11

SCHWERTLEY evidencia que o cântico dos Salmos é tanto ordenado como devidamente praticado, dando assim uma evidência também histórica sobre a salmodia. O texto em defesa da salmodia exclusiva é 1 Crônicas 16, encontramos a ordem do canto do Salmo especificamente dos versículos 4 ao 7:

"4. E pôs alguns dos levitas por ministros perante a arca do Senhor; isto para recordarem, e louvarem, e celebrarem ao Senhor Deus de Israel.
5. Era Asafe, o chefe, e Zacarias o segundo depois dele; Jeiel, e Semiramote, e Jeiel, e Matitias, e Eliabe, e Benaia, e Obede-Edom, e Jeiel, com alaúdes e com harpas; e Asafe se fazia ouvir com címbalos; 
6. Também Benaia, e Jaaziel, os sacerdotes, continuamente tocavam trombetas, perante a arca da aliança de Deus.
7. Então naquele mesmo dia Davi, em primeiro lugar, deu o seguinte salmo para que, pelo ministério de Asafe e de seus irmãos, louvassem ao Senhor;" (1 Crônicas 16:4-7)

Notemos que o texto está tratando da solenidade da adoração israelita. Davi ordena a armação da tenda, prepara e faz os sacrifícios, torna o povo participante da solenidade repartindo os pães, pedaços de carne e taças de vinho e institui que os levitas deveriam salmodiar. Não podemos aqui sequer usar o argumento de que salmodiar, ou cantar Salmos refira-se a qualquer tipo de cântico. O versículo 8 prova que a ordem era de um Salmo em específico, o de número 105:

"8. Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidas as suas obras entre os povos." (1 Crônicas 16:8)

Agora o Salmo 105
"1. Louvai ao SENHOR, e invocai o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos." (Salmos 105:1)

Esta é a ordem estabelecida por Davi no versículo 7: "Então naquele mesmo dia Davi, em primeiro lugar, deu o seguinte salmo para que, pelo ministério de Asafe e de seus irmãos, louvassem ao Senhor"

Para mais evidências, SCHWERTLEY apresenta 2 Crônicas 5:13:

"13. E aconteceu que, quando eles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor; e levantando eles a voz com trombetas, címbalos, e outros instrumentos musicais, e louvando ao Senhor, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre, então a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a casa do Senhor;" (2 Crônicas 5:13)

O Salmo entoado é o 100:5, em específico como está em 2 Crônicas 5:13:

"5. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração." (Salmos 100:5)

O que se pode verificar na argumentação de BRIAN SCHWERTLEY em MANDAMENTO ESPECÍFICO, pg. 11, é de que não havia outro tipo de canção a ser entoada na solenidade israelita senão os próprios Salmos. Mas uma pergunta poderia ser feita sobre este MANDAMENTO ESPECÍFICO se voltássemos ao período de Moisés, onde a mesma solenidade ocorria. Que cântico era entoado na solenidade administrada pelos sacerdotes naquela época? A pergunta é justa, uma vez que o saltério bíblico é posterior a Moisés. A resposta merece também ser justa. Não há indícios de que se realizavam cânticos na solenidade. O que temos são relatos de cânticos isolados como forma de expressão aos livramentos e providências de Deus no período de perseguição de Faraó ao povo israelita. Este relato primário cântico fora da solenidade da adoração pode ser encontrado em Êxodo 15:1-19:

1. Cantarei ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.
2. O Senhor é a minha força, e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus, portanto lhe farei uma habitação; ele é o Deus de meu pai, por isso o exaltarei.
3. O Senhor é homem de guerra; o Senhor é o seu nome.
4. Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército; e os seus escolhidos príncipes afogaram-se no Mar Vermelho.
5. Os abismos os cobriram; desceram às profundezas como pedra.
6. A tua destra, ó Senhor, se tem glorificado em poder, a tua destra, ó Senhor, tem despedaçado o inimigo;
7. E com a grandeza da tua excelência derrubaste aos que se levantaram contra ti; enviaste o teu furor, que os consumiu como o restolho.
8. E com o sopro de tuas narinas amontoaram-se as águas, as correntes pararam como montão; os abismos coalharam-se no coração do mar.
9. O inimigo dizia: Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; fartar-se-á a minha alma deles, arrancarei a minha espada, a minha mão os destruirá.
10. Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu; afundaram-se como chumbo em veementes águas.
11. Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, admirável em louvores, realizando maravilhas?
12. Estendeste a tua mão direita; a terra os tragou.
13. Tu, com a tua beneficência, guiaste a este povo, que salvaste; com a tua força o levaste à habitação da tua santidade.
14. Os povos o ouviram, eles estremeceram, uma dor apoderou-se dos habitantes da Filístia.
15. Então os príncipes de Edom se pasmaram; dos poderosos dos moabitas apoderou-se um tremor; derreteram-se todos os habitantes de Canaã.
16. Espanto e pavor caiu sobre eles; pela grandeza do teu braço emudeceram como pedra; até que o teu povo houvesse passado, ó Senhor, até que passasse este povo que adquiriste.
17 .Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.
18. O Senhor reinará eterna e perpetuamente;
19. Porque os cavalos de Faraó, com os seus carros e com os seus cavaleiros, entraram no mar, e o Senhor fez tornar as águas do mar sobre eles; mas os filhos de Israel passaram em seco pelo meio do mar." (Êxodo 15:1-19)

Mas, é importante destacar que este cântico de Moisés se tornaria inspiração para confecção de Salmos aludindo tais feitos de Deus, como são os casos a seguir:

"16. As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram." (Salmos 77:16)

"1. Quando Israel saiu do Egito, e a casa de Jacó de um povo de língua estranha,
2. Judá foi seu santuário, e Israel seu domínio.
3. O mar viu isto, e fugiu; o Jordão voltou para trás." (Salmos 114:1-3)

Na ocasião em que o cântico foi entoado eles marcharam para uma espécie de beco sem saída, Migdol de um lado, Pi-Hairote, de outro e o Mar Vermelho à frente. E atrás deles podiam ver no horizonte as nuvens de poeira subindo dos carros que se aproximavam com o rei egípcio de coração duro e seu exército. Isto ocorreria em diversos momentos da história de Israel e os salmistas tiveram Moisés como um "embrião" do seu hinário.

DO TÓPICO 4 e 5
FIXADO NO CÂNON e O USO DE SOMENTE CANÇÕES INSPIRADAS, pg. 12

Os Salmos não estão dispostos no Cânon somente como um registro de fatos, mas, como bem investigado no tópico anterior, como um cântico solene com evidências históricas do seu uso. Até aqui tudo o que SCHWERTLEY quis mostrar é em síntese que, se as Escrituras canônicas são para exposição da doutrina, o cânon se estende a forma do canto solene com todas as diretrizes muito claras. E última análise sobre o tópico, se faz necessário lincar o cânon do Velho Testamento como texto inspirado para o uso não só do povo da Antiga Aliança como o da Nova Aliança já que Paulo lembra a seu discípulo Timóteo que:

"Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;" (2 Timóteo 3:16)

Ora, se ela é inspirada para um discípulo da Nova Aliança em toda sua estrutura canônica, ela deve ser PROVEITOSA em todos os termos já estabelecidos, seja para a doutrina, seja para o cântico.

DO TÓPICO 6
OS SALMOS E O CULTO APOSTÓLICO, pg. 16

Se dos tópicos 1 ao 4 SCHWERTLEY evidenciou o uso dos Salmos como cântico oficial e solene do povo da Antiga Aliança, o tópico 5 se entrelaça ao 6 na afirmativa de que os texto antigo é inspirado e PROVEITOSO para o seu povo na Nova Aliança. Então SCHWERTLEY propõe uma análise sóbria do que o Nov Testamento diz sobre o uso dos Salmos como cântico solene.

Um novo termo é utilizado no Novo Testamento, hino: "E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras." (Mateus 26:30). A palavra hino pode nos fazer pensar em qualquer cântico que não seja necessariamente um Salmo, pois o texto em sua completude não afirma uma só vez que um Salmo foi cantado. Mas, não por falta desta evidência explicita que nos esteja sendo dado o direito a dúvida. E por que digo isto. Porque o texto inteiro de Mateus 26 refere-se ao período solene da páscoa judaica.

Sou enfático em dizer que, todo o texto de Mateus 26 pressupõe que toda a tradição solene,  desde o primeiro dia dos pães asmos (Mateus 26:17) até que comecem a páscoa (Mateus 26:20-21) foi plenamente realizada como cumprimento da lei. A dúvida que paira sobre a mente de alguns sobre o termo hino em Mateus 26:30 é pode ser pelo simples desconhecimento da solenidade pascal. Eu mesmo desconhecia a plenitude da solenidade. Dentre todos os ritos inclui-se o cântico dos Salmos 113 ao 118. Estes são os chamados Salmos de “cântico de louvor e exaltação a Deus” (Hallel), cantado sempre ao final da ceia pascal. Não são poucas as notas sobre isto que estamos tratando aqui.

Tenho pensado com toda honestidade sobre a Salmodia após averiguar com calma Mateus 26. A tradição cristã tem preservado as ordens de comer e beber e hoje eu não entendo porque o uso do Salmo é negligenciado. Do ponto de vista mais amplo do que Jesus deixou como ordens, temos ainda o batismo, a pregação do evangelho o fazer discípulos. Mais a solenidade pascal tem três elementos uniformes, o pão, o vinho e o Salmo. E no fim Jesus diz: "fazei isto em memória de mim." (1 Coríntios 11:24-25).

Michael Bushell diz: "A salmodia e a Ceia do Senhor não são mais separáveis agora do que a salmodia e o ritual da páscoa o foram nos termos do Velho Testamento. Assim, não há nenhum exemplo na Escritura que mostre mais claramente do que este a significação permanente dos Salmos do Velho Testamento para a Igreja do Novo Testamento." (The Songs of Zion, pp. 78-79.)

Sinto-me satisfeito até aqui em expor minha análise não só a literatura de BRIAN SCHWERTLEY, mas sobre tudo o que as Escrituras afirmam sobre tamanho dever. Mas, por fim, ainda desejo salientar as seguintes palavras de SCHWERTLEY sobre o apelo de Paulo ao uso de Salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:19 e Colossenses 3:16)

"o pensamento religioso e a cosmovisão do Apóstolo era essencialmente a mesma do Velho estamento e de Jesus Cristo, não a do paganismo grego. Portanto, quando Paulo discute doutrina ou adoração, o primeiro lugar onde devemos buscar auxílio para o entendimento dos termos religiosos é no Velho Testamento." (pg. 20)

Jesus nos ensina a que a sua ressurreição será geral e única


"Subiu aos céus e está assentado à direita do Pai, Deus, Todo-Poderoso; de onde virá julgar os vivos e os mortos. Em cuja vinda todos os homens ressuscitarão em corpo; e prestarão contas de suas obras. E os que fizeram o bem irão para a vida eterna, e os que fizeram o mal, para o fogo eterno". (Credo de Atanásio) Antes de qualquer coisa quero ressaltar que ao usar os termo pós-milenista e amilenista têm sido usado para ressaltar esta doutrina. Mas o artigo em questão não tratará da afirmativa pós-milenista ou amilenista sobre a questão, mas sim apresentar a afirmativa do próprio Jesus sobre o que ocorre no fim de todas as coisas.
Sobre o tema do artigo Tenho feito o uso da seguinte premissa para a questão da ressurreição especificamente. Jesus é o personagem central do evento, ele é quem ressuscita os mortos, ele é quem julga e sentencia. Numa última análise sobre o tema, me parece mais objetivo recorrer ao personagem principal para entender a questão. Isto para mim interfere inclusive na forma como vou interpretar 1 Tessalonicenses 4:13-18. Em 1 Tessalonicenses 4:13-18 a ocasião é uma dúvida pontual sobre o que ocorre com os crentes, é um questionamento interno e não global. A preocupação de Paulo é responder às inquietações dos crentes vivos em relação ao destino pós-morte dos que viveram para o Senhor. O pré-milenista histórico e o dispensacionalista ao pôr o foco nos seus sistemas de interpretação desconsideram esta informação. E sobre o destino dos ímpios? Onde está o arrebatamento deles ou a ressurreição? A omissão deste fato por Paulo aos tessalonicenses não é para salientar uma doutrina sobre arrebatamento, esta fascinação dispensacionalista e recente de fragmentar a escatologia tende a ser disfuncional na observação dos motivos originais dos autores. Paulo não apresentou um amplo discurso escatológico naquele momento, a prova é que ele diz: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem” (1 Tessalonicenses 4:13), e são palavras destinadas a uma mesma igreja que ele falou sobre o retorno de Cristo e o cuidado que deveriam ter para não se desviarem do ensino original: “Irmãos, no que diz respeito à vinda (1 Tessalonicenses 4:15) de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. (2 Tessalonicenses 2:1-2) Portanto a ressurreição geral não explícita na Epístola aos Tessalonicenses tem sua razão de ser, e não tem qualquer proposta de ser feita uma exposição ampla já que a dúvida era sobre os crentes e não os ímpios e crentes. Jesus, no entanto, fornece em João 5:28-29 uma afirmação mais ampliada porque ele está estabelecendo um alicerce de onde todas as outras colunas se levantam.