Catecismo de de Heidelberg - Um comentário da resposta a pergunta número 1


Comecei a desenvolver este comentário sobre a resposta da PERGUNTA 1 do Catecismo de Heidelberg em favor do ensino Bíblico doméstico do meu próprio lar, como fonte de conhecimento e estudo piedoso das Escrituras para minha própria família. Neste meio tempo, estive pensando em como ajudar as pessoas que estão estudando as Escrituras, em especial os recém convertidos, e que se veem em algumas dúvidas permanentes e muito relevantes para o seu desenvolvimento na fé. O motivo que me levou a usar esta pergunta em específico reside no fato de que ela nos motiva a pensar sobre o viver e o morrer e como devemos lidar com estes dois eventos cruciais do ser humano. Formulação em 1563 O catecismo de Heidelberg é um dos documentos mais aceitos e subscritos pelo seu caráter formativo e não só isso, seu perfil confronta a nossa humanidade que carece do conhecimento de Deus para salvação da alma.

Att,
José Eduardo

Esta pergunta refere-se ao
DIA DO SENHOR 1

PERGUNTA 1 - Qual é o seu único fundamento, na vida e na morte?

RESPOSTA: O meu único fundamento é meu fiel Salvador Jesus Cristo(1). A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte(2), e não pertenço a mim mesmo(3). Com seu precioso sangue Ele pagou(4) por todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo(5). Agora Ele me protege de tal maneira(6) que, sem a vontade do meu Pai do céu, não perderei nem um fio de cabelo(7). Além disto, tudo coopera para o meu bem(8). Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna(9) e me torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração(10).

PROVAS BÍBLICAS:
(1) 1 Co 3:23; Tt 2:14;
(2) Rm 14:8; 1 Ts 5:9,10;
(3) 1 Co 6:19, 20;
(4) 1 Pe 1:18, 19; 1 Jo 1:7; 1 Jo 2:2, 12;
(5) Jo 8:34-36; Hb 2:14, 15; 1 Jo 3:8;
(6) Jo 6:39; Jo 10:27-30; 2 Ts 3:3; 1 Pe 1:5;
(7) Mt 10:29, 30; Lc 21:18;
(8) Rm 8:28;
(9) Rm 8:16; 2 Co 1:22; 2 Co 5:5; Ef 1:13,14;
(10) Rm 8:14; 1 Jo 3:3
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COMENTÁRIO DA PERGUNTA 1

(1) O MEU ÚNICO FUNDAMENTO É MEU FIEL SALVADOR JESUS CRISTO

1 Coríntios 3:23 - “Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis”

O aprendizado sobre Cristo é gradual bem como a criança que vai crescendo à medida que está em amamentação. Também podemos destacar que, assim como o leite é um fundamento para o vigor de uma criança, Cristo deve ser para o crente. Em algum momento o crente estará maduro para o alimento mais sólido sobre a fé, mas enquanto isto, ele com a singeleza de uma recém-nascido se alimenta com o leite espiritual com alegria.

Tito 2:14 - “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.”

O Cristo a quem agora chamamos Senhor foi quem nos livrou das amarras do mal, não só do mal que nos tomava, mas do mal que nos envolvemos em praticar. Mas agora ele (1)nos purificou para si (2)para sermos um povo especial e sem igual (3)com objetivo de praticar as boas obras que Deus preparou para que andássemos nelas. Tudo o que precisamos saber sobre essa pureza, exclusividade e boas obras aprendemos do fundamento que é Jesus Cristo.

(2) A ELE PERTENÇO; EM CORPO E ALMA, NA VIDA E NA MORTE

Romanos 14:8 - “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.”

Não estamos somente nos preparando para morrermos e entrarmos na glória do Deus eterno, esta não é toda a verdade sobre nossa relação com Ele. Estamos também vivendo em favor dEle em cada segundo, minuto, horas e dias. Nossas obras que resultam da fé que obtivemos dão prova da nossa existência nEle. Isto é para testemunho de quem Deus é. O Deus amoroso que nos alimenta com o “leite espiritual” para que cresçamos e nos preparemos para tudo o quanto ele nos chama, para ser luz neste mundo e por fim, a glorificação depois de combater o bom combate, concluir a carreira e guardar a fé.

1 Tessalonicenses 5:9-10 - “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele.”
Esse viver para Deus nos exige o autoexame - “por que sou dEle?” a resposta Bíblica acima nos dá o conforto para a dúvida que ainda permeia os corações - “quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele.” Mais uma vez as Escrituras nos reforçam que só somos dEle porque ele nos destinou não para a ira vindoura, mas para a salvação. Isto também exige de nós toda a humildade e solenidade para com o nosso Deus, Senhor e salvador.

(3) E NÃO PERTENÇO A MIM MESMO

1 Coríntios 6:19-20 - “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”

Que bênção é saber que neste corpo mortal reside tal glória. O Espírito Santo não só nos deu vida, mas habita em nós. Isto resulta em sermos propriedade de Deus. No homem morto, vazio e em trevas havia o domínio do mal, a servidão a Satanás. Mas, sendo vivificados e salvos, agora somos habitados e não somente isto, somos também dirigidos, governados, para que possamos andar conforme os propósitos de Deus. Sobre isto devemos ressaltar a santificação que é a separação para as coisas espirituais. O crente é aquele que testemunha do governo de Deus sobre seu corpo, sua mente, suas decisões. Tudo em nós converge para o fim da glória de Deus, hoje e na eternidade

(4) COM SEU PRECIOSO SANGUE ELE PAGOU

1 Pedro 1:18-19 - “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”

Nosso resgate da morte espiritual não teve um preço terreno, não teve um cálculo baseado em uma moeda corrente que se valoriza ou se desvaloriza a medida em que o tempo passa. Não! Nosso resgate não pode ser calculado com nossos métodos. Estamos vinculados a Cristo por um elo de sangue, de alto preço, que jamais conseguiríamos por nós mesmos nem nossos pais conseguiriam. Isto nos leva a uma maior afeição a Cristo, por causa do seu amor sem medida.

1 João 1:7 - “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.”

Este sangue não somente aspergido em mim, mas em muitos. Isto nos faz uma unidade de povo. Nossas relações espirituais com outros darão a nós a experiência da prática da piedade, nos fortalecendo e estimulando a andar na luz. Assim damos prova de que o sangue de Cristo não foi em vão sobre nós.

1 João 2:2, 12 - “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo … Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados.”

Quando estamos em Cristo e vemos seu amor manifestado e entendemos o valor deste sangue que derramou, percebemos que ele é para tantos outros. Por ele não redimiu só os nosso, mas também de muitos outros. Por isso Ele arregimenta um povo grande e de pecados perdoados, onde há grandes ou pequenos, ricos ou pobres, todos perdoados igualmente depois de terem confessado seus pecados e os deixados.

(5) POR TODOS OS MEUS PECADOS E ME LIBERTOU DE TODO O DOMÍNIO DO DIABO

João 8:34-36 - “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”

A prática do pecado com certeza é uma escravidão, um vício da nossa carne sem Cristo. O pecado passa a ser nosso senhor. Mas, uma vez que Cristo torna-se nosso redentor, também é o nosso Senhor. No entanto, Deus nos adota não como servos somente, mas como filhos, pois o servo se vai quando quiser, mas o filho permanece. Esta é a mais pura verdade de que somos livre, de que não somos somente servos, mas somos feitos filhos de Deus

Hebreus 2:14-15 - “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.”

Veja como ser filho é estar totalmente envolvido nas coisas do pai! Jesus esteve plenamente envolvido no mistério da redenção desde o princípio, no papel de fazer com que tudo fosse cumprido, pois esta era a vontade do Pai. Então, sendo feito carne, aniquilou o nosso pecado nela ao morrer. Os que creem neste mistério estão livres da escravidão que o diabo os colocou.

1 João 3:8 - “Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.”

Jesus não veio somente nos livrar do pecado, das práticas malignas. Ele não veio somente desfazê-las, Ele veio nos livrar do tentador e da nossa ligação espiritual com ele. Pecamos em conformidade com ele, mas agora nos santificamos em conformidade com Cristo, sem mais nenhuma relação com as obras infrutíferas das trevas e nem com o diabo

(6) AGORA ELE ME PROTEGE DE TAL MANEIRA

João 6:39 - "E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia."

O Cristo que os livra do pecado, não somete livra como também assegura o crente. Cristo é eficaz tanto no livrar como no sustentar. Não confundamos, no entanto que esta liberdade nos dá algum direito de independência para pecar livremente. Não! É o contrário, se a liberdade é uma graça que eu não alcançaria de mim mesmo, mas vem da obra eficaz de Cristo, logo eu retribuo a esta graça em santidade. Mas, ainda falando da obra eficaz de Cristo, o seu gesto de sustentar, assegurar os crentes é uma obra que completa a outra para que no fim tenhamos a vida eterna. Se pensarmos numa ordem da obra redentora nos textos apresentados: (a)Ele livra; (b)Ele assegura; (c)Ele garante a vida eterna.

João 10:27-30 – As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um.”

Nós, as ovelhas passamos a ouvir a voz do pastor que é Cristo. Ele nos fala por meio da Palavra, meio pelo qual temos a garantia de que seremos conduzidos por Ele. Isso deve ser um relacionamento onde ao pensarmos na pessoa dEle, devemos ter a certeza de que estamos envolvidos em conhecimento mútuo. Ele é aquele que é eterno e poderoso, mas também amigo amável nas horas de angústia. Nós somos, que o seguimos aprendemos das coisas espirituais. Um relacionamento exige comprometimento das duas partes e devemos sempre lembrar disso.

2 Tessalonicenses 3:3Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno.

1 Pedro 1:5 – Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo,”

Uma das coisas que devemos ter plena certeza nesse relacionamento pessoal com Jesus que agora adquirimos é sua proteção conta o maligno, Satanás. Por outro lado, o Apóstolo Paulo diz que devemos nos revestir no Senhor e na força do seu poder (Efésios 6:10). Isto significa que se de um lado Jesus tem o poder de nos proteger do maligno, também é nosso dever estarmos sempre em fidelidade com nosso relacionamento com Ele. Pedro então nos faz recordar que mediante a fé, que é o nosso depósito no Senhor, Ele nos assegura na sua virtude, ou seja, sua santidade. É esta santidade de Deus que não pode mentir, nem ser mutável que nos dá a garantia da salvação naquele grande dia da vinda do Senhor. O que Pedro está nos dizendo é um conforto. Significa que aquilo que possuímos agora será completo.

(7) QUE, SEM A VONTADE DO MEU PAI DO CÉU, NÃO PERDEREI NEM UM FIO DE CABELO

Mateus 10:29-30 – Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.”
Lucas 21:18 – Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça.”

Nada é oculto ao nosso Senhor, bem como nada acontece sem que sua vontade esteja nas coisas que vemos. Se os nossos cabelos são contados, também eles são conduzidos por Ele. Ora, este é só um exemplo do governo de Deus sobre nós, motivo pelo qual carecemos dele nesta vida e no porvir. Quando salmista nos diz que o Senhor cercas o meu andar e o meu deitar (Salmo 139:3), ele está afirmando que Deus sob seu controle está conosco, seus filhos. Um Deus que cuida em todas as circunstâncias da vida (Mateus 6:25).

(8) ALÉM DISTO, TUDO COOPERA PARA O MEU BEM

Romanos 8:28 – E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Nós somos um rico propósito de Deus, seja na revelação da sua graça sobre nós como também nos cuidados dEle em nossa vida. “Qual é o seu único fundamento, na vida e na morte?” como sugere a pergunta desse Catecismo, nos leva diretamente a este texto e nos faz pensar que as coisas que vivemos agora são para a glória de Deus e reconhecemos estas coisas como homens espirituais (1 Coríntios 2:14).

(9) POR ISSO, PELO ESPÍRITO SANTO, ELE TAMBÉM ME GARANTE A VIDA ETERNA

Romanos 8:16 – O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
2 Coríntios 1:22 – O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.
2 Coríntios 5:5 – Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito.

Neste quesito da salvação de nossas almas, o Espírito Santo não nos sela amanhã, nem por uma busca pessoal e metódica, ou na vida futura. O selo do Espírito Santo é a garantia de que hoje somos filhos de Deus. Este é um fundamento cristão que é inegável, não só para nos conceder o poder de testemunhar de Cristos (Atos 1:8), mas também de nos “marcar” dentre o mundo caído que a Ele, o Senhor, pertencemos. Este Espírito de Deus é o penhor, a garantia de que somos de Deus nesta vida e na futura.

Efésios 1:13-14 – Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.”

Mas, como é possível que o Espírito de Deus seja esta garantia de uma vida espiritual como Deus? Não há outro meio senão o ouvir, e não só ouvir, mas o crer nas palavras do santo evangelho que temos (Romanos 10:17)

(10) E ME TORNA DISPOSTO A VIVER PARA ELE, DAQUI EM DIANTE, DE TODO O CORAÇÃO

Romanos 8:14 – Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.

Para os que agora são selados pelo Espírito e chamados filhos de Deus não há outro modo de viver. Agora vivemos segundo o Espírito, ousadamente guiados por Ele. Este é o mesmo Espírito que conduziu Pedro a pregar e quase de três mil almas foram agregadas a igreja de Cristo. E por este Espírito que agora vivemos e nos movemos.

1 João 3:3 – E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.

“O Espírito que nos move é o mesmo que nos purifica, nos assemelhando dia a pois dia com nosso Senhor Jesus Cristo. Para isto fomos chamados por Deus, para sermos a imagem do seu Filho” (Romanos 8:29)

O fim da PERGUNTA 1 não poderia ser mais claro para os que estão buscando andar em conformidade com o Senhor. Se no começo de nossa exposição pudemos refletir sobre: - (1) O MEU ÚNICO FUNDAMENTO É MEU FIEL SALVADOR JESUS CRISTO, agora, depois de descobrir as raízes de nossa fé que é Cristo, estamos descobrindo as raízes de nossa perseverança, A PUREZA.  É isto que Paulo diz claramente: “O Espírito que nos move é o mesmo que nos purifica...”, logo o Cristo com seu Espírito que em nós se manifesta, nos dando seu Espírito, também nos purifica de dentro para fora. Descobrimos nEle que suas raízes são uma cura espiritual e que não podemos nos mover nem viver sem Ele. Assim como ele é puro (1 Jo 3:3) tornamo-nos nEle e com Ele.

A influência da reforma protestante no âmago da igreja e do homem



Neste 502 anos da reforma protestante eu gostaria de propor uma avaliação do que ela foi como vanguarda da opinião teológica e baixo clero. Proponho a leitura das 95 Teses e que percebam estes dois pontos. Martinho Lutero estava intimamente interessado em estabelecer um diálogo das questões teológicas com o povo e não só com a igreja, quando pregou suas teses de pública. Isto inevitavelmente suscitou corações que já ardiam pelas questões mais simples e as mais complexas das quias não tinham acesso as respostas. Neste sentido, Lutero trabalhou para que as 95 Teses fossem não só observações, mas uma resposta ao povo, e em virtude disso, o debate sobre a teologia "desceu as escadaria das catedrais" e foi para ruas, e assim para os lares até cá estamos hoje.

1. Vanguarda da opinião teológica

A história da reforma pode estar fortemente vinculada a este desejo de opinar, mas não por orgulho ou vaidade. Isto se trata de proclamação. Lutero vivencia algo avesso ao que lê nas Escrituras e toda sua argumentação baseia-se no arrependimento pessoal e prático, que não pode ser dado por ninguém, a não ser por Deus ao que se humilha perante Ele. Neste sentido, Lutero, então promove um debate teológico jamais ousado. Talvez pensado, mas exposto, nunca. Lutero atinge o cerne da questão, ele anula o antropocentrismo, o autoritarismo e estabelece um teocentrismo esquecido e impraticável até então. Lutero torna público um assunto passivo de disciplina eclesiástica. Ele fala de coisas qual e só o clero falava e nunca tratou eclesiasticamente.

2. O baixo clero

Se um assunto tão importante como o arrependimento genuíno estava oculto no clero, Lutero tratou de apresentar isso a todos. O resultado foi um clero irritado e um novo clero surgindo. Este novo clero pode ser chamado de "baixo" não por desmerecimento, mas por estar em meio ao povo, os assuntos bíblicos saíram dos corredores da "alta patente eclesiástica" e agora estava entre as vielas e os bancos das igrejas. Isso é um marco que nos remete ao que somos hoje. Se uma coisa não pode estar oculta, logo ela é avaliada, e o conhecimento dessa coisa liberta. O nosso sacerdócio universal foi coroado com o conhecimento da verdade a partir das 95 Teses e hoje qual cristão não sabe o que tem.nas mãos? Só aqueles que desdenham da história. Qual cristão não se vê penitente ante seu pecado, mas também alegre pela sua redenção no arrependimento? Este e tantos outros assuntos de fé são nossos, acessíveis. E qualquer que retenha isso retrocede não só na história como também na fé.

As 95 Teses

Por Martinho Lutero

Em 31 de Outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da capela de Wittemberg 95 teses que gostaria de discutir com os teólogos católicos, as quais versavam principalmente sobre penitência, indulgências e a salvação pela fé.

Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Rev. padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1ª Tese

Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos...., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.

2ª Tese

E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.

3ª Tese

Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.

4ª Tese

Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.

5ª Tese

O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.

6ª Tese

O papa não pode perdoar divida senão declarar e confirmar aquilo que Já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.

7ª Tese

Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.

8ª Tese

Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio Impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.

9ª Tese

Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema

10ª Tese

Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.

11ª Tese

Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.

12ª Tese

Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.

13ª Tese

Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.

14ª Tese

Piedade ou amor Imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.

15ª Tese

Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.

16ª Tese

Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.

17ª Tese

Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.

18ª Tese

Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.

19ª Tese

Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.

20ª Tese

Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.

21ª Tese

Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.

22ª Tese

Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.

23ª Tese

Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.

24ª Tese

Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.

25ª Tese

Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.

26ª Tese

O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.

27ª Tese

Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.

28ª Tese

Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.

29ª Tese

E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.

30ª Tese

Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.

31ª Tese

Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.

32ª Tese

Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.

33ª Tese

Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dadiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.

34ª Tese

Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.

35ª Tese

Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.

36ª Tese

Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.

37ª Tese

Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.

38ª Tese

Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.

39ª Tese

É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.

40ª Tese

O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.

41ª Tese

É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.

42ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.

43ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.

44ª Tese

Ê que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.

45ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa. mas provoca a ira de Deus.

46ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura , fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.

47ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada

48ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.

49ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüência delas, se perde o temor de Deus.

50ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51ª Tese

Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.

52º Tese

Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.

53ª Tese

São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.

54ª Tese

Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.

55ª Tese

A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.

56ª Tese

Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.

57ª Tese

Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.

58ª Tese

Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.

59ª Tese

São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.

60ª Tese

Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.

61ª Tese

Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.

62ª Tese

O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63ª Tese

Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.

64ª Tese

Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.

65ª Tese

Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.

66ª Tese

Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.

67ª Tese

As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.

68ª Tese

Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais Intima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69ª Tese

Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência-

70ª Tese

Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.

71ª Tese

Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.

72ª Tese

Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.

73ª Tese

Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.

74ª Tese

Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.

75ª Tese

Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.

78 ª Tese

Bem ao contrario, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.

77ª Tese

Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar S. Pedro e o papa.

78ª Tese

Em contrario dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz 1Coríntios 12.

79ª Tese

Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.

80ª Tese

Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.

81ª Tese

Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.

82 ª Tese

Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima' caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante Insignificante?

83ª Tese

Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto' ser Injusto continuar a rezar pelos já resgatados?

84ª Tese

Ainda: Que nova piedade de Deus e dó papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?

85ª Tese

Ainda: Por que os cânones de penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?

86ª Tese

Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?

87ª Tese

Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?

88ª Tese

Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como Já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.

89ª Tese

Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?

90ª Tese

Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91ª Tese

Se a Indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.

92ª Tese

Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.

93ª Tese

Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.

94ª Tese

Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.

95ª Tese

E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas